quinta-feira, 25 de maio de 2017

Como criar os filhos sem violência.

O texto abaixo trata de uma coisa muito simples: colocar-se no lugar da criança para entender o seu ponto de vista, ao invés de se fechar perante o primeiro sinal de incompreensão. Recomendo a leitura com o coração aberto a novas atitudes.

FONTE:

http://boston.citymomsblog.com/motherhood/its-hard-for-them-too/

É difícil para eles também 😟 - Tracy Slater

Estava sendo uma noite longa, e eu estava quase do outro lado dela. Aí, no meio do último versinho da última música para você dormir, você levantou sua cabeça. "Uáua?", você perguntou. Dei uma olhadinha por cima no quarto, já sabendo que não ia achar um copinho por lá. "Não tem água aqui em cima. Você está bem". "Uáua?". "Meu amor, não". "Uáua!" - mais insistente dessa vez.
E aí minha raiva veio. Rápida e vermelha e quente e flamejante. Uma respirada rápida. Meu corpo endureceu, meus dentes se apertaram. E claro que você sentiu. Apesar de eu ter abafado rápido, você sentiu tanto quanto eu, e você desabou em mim. Seu corpinho miúdo chacoalhando com soluços porque a pessoa que você mais ama no mundo, a pessoa de quem você depende para tudo o que precisa, momentaneamente virou um monstro porque você queria...água. Porque você estava com sede antes de dormir e você não tem autonomia para resolver os seus problemas.

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Imagine viver uma vida com tanta falta de controle. Falamos muito sobre como é difícil ser mãe - e com razão - o show é qualquer coisa, menos fácil. Mas a segunda semana de abril é a "Semana da Criança Pequena" e em honra a isso eu quero reconhecer como é difícil ser uma criança pequena.

Como terapeuta, eu geralmente tento imaginar como a vida é para crianças novinhas. Se eu quero achar uma solução para um comportamento difícil, eu primeiro preciso compreendê-lo. E a cada vez que me coloco na pele de uma criança, eu chego à mesma conclusão: Nenhum de nós, adultos, poderia lidar com as coisas que eles lidam.

Para começar, imagine como é alguém te dizer o que fazer, quando fazer e como fazer - o tempo todo. Coma essa coisa que você nunca viu antes. Não faz essa cara mal criada (o que é uma cara mal criada?). É hora de ir a algum lugar que você não quer, e corre, corre, corre para dar conta de um cronograma que não quer dizer nada para você.

Imagine falhar tanto quanto uma criança falha. Não ser capaz de fazer suas mãos se moverem na direção certa para cortar o papel, tropeçar quando você corre no gramado, derramar o leite que você queria tão desesperadamente servir (e cá estou eu, furiosa com ele de novo).

Outro exemplo da hora de dormir:

"Papai, fala como o homem subiu lá?". "Ele escalou". "NÃO, fala como ele subiu lá?". De novo e de novo, nosso filho ficava mais e mais frustrado, até que eu percebi: ele queria dizer "ME PERGUNTA como ele subiu lá?".

Uma palavra errada mudava a frase toda, e causou toda aquela frustração. Imagine falhar constantemente numa comunicação que funcione com as pessoas da sua vida. Dia após dia, se esforçar para encontrar a palavra certa, dizer uma coisa quando você queria dizer outra, pronunciar tão mal as palavras que ninguém sabe o que você está dizendo. E aí as pessoas se frustrarem com VOCÊ. Perderem a paciência com VOCÊ.

Um dos meus livros favoritos para ler com as crianças é "Everywhere Babies". Na última página está escrito, "Todo dia, em todos os lugares, os bebês são amados. Por se esforçarem tanto, por atravessarem tanto, por serem tão maravilhosos do jeitinho que são". Eu lacrimejo quase toda vez que leio porque é tão verdade. Apesar de tudo isso, eles tentam, e tentam e tentam de novo. Saudam seus dias com sorrisos, entusiasmo e ânimo. Eles perdoam nossos erros, nossos repentes de raiva flamejante e injusta. Eles recebem nossa impaciência com paciência (pelo menos de vez em quando), eles riem e vivem e amam com um abandono total.

Então, quando eles nos levarem ao fim do nosso limite, vamos tentar lembrar que estamos fazendo o mesmo com eles.